A designação TIER1 é frequentemente mencionada no contexto dos fabricantes de energia solar fotovoltaica, por vezes tida como referência no dito mercado.
De forma geral, a classificação TIER1 é baseada em critérios definidos por agências de independentes, consultoras e instituições financeiras que avaliam a estabilidade financeira e a presença de mercado dos fabricantes de módulos fotovoltaicos.
A publicação mais conhecida é da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), cuja lista TIER1 é divulgada trimestralmente.
Mas, qual o motivo desta lista ser tão relevante? Ou, por outras palavras, o que é que ela realmente representa?
Contrariamente ao que muitos possam pensar, a classificação TIER1 não é um selo de qualidade dos módulos em si, mas sim uma indicação da estabilidade financeira e posição de mercado dos fabricantes.
Na verdade, estas listas servem como ferramentas de marketing motivadas principalmente por considerações financeiras. Por ser um serviço pago, a lista da Bloomberg acarreta custos elevados, o que pode traduzir-se numa barreira à entrada de fabricantes de menor dimensão.
Além disso, a lista indica explicitamente que a categorização TIER1 de uma empresa na referida lista não constitui uma recomendação dessa empresa ou dos seus produtos.
Portanto, estas listas não têm como objectivo informar os consumidores sobre a adequação de uma marca específica para a sua utilização particular.
O que é TIER1, nos painéis solares?
É importante reforçar, novamente, que o termo “Tier One” (TIER1) não tem nada a ver com a qualidade dos painéis solares em si. O conceito Tier One foi desenvolvido pela Bloomberg, uma gigante e reconhecida empresa de informação financeira.
A BNEF criou um sistema para categorizar fabricantes solares fotovoltaicos, baseada na sua viabilidade financeira (bankability), que é uma forma de avaliar se um grande banco estaria disponível para emprestar dinheiro a essas empresas.
Assim, colocou as empresas solares em 3 níveis: Tier One (1), Tier Two (2) e Tier Three (3). Esta classificação é baseada numa avaliação global das empresas, de um ponto de vista financeiro. Para determinar o seu nível, a BNEF examina se o fabricante forneceu os seus produtos a, pelo menos, 6 projectos diferentes, financiados por 6 bancos diferentes nos 2 anos anteriores.
É Importante Escolher Módulos TIER1?
Para se qualificar como TIER1, um fabricante de painéis solares tem de possuir um registo de ter fornecido módulos para instalações de grande dimensão, excedendo 1,5MW. Este limite representa instalações de dimensões muito superiores ao cliente residencial médio, onde se instalam alguns kW.
É importante referir que, embora a designação TIER1 dada a um fabricante solar fotovoltaico é indicador de credibilidade financeira, existem muitos outros fabricantes reconhecidos fora desta lista. Alguns fabricantes produzem painéis de excelente qualidade e inovação, mas podem não ser incluídos na lista TIER1.
O acesso ao relatório da Bloomberg é dispendioso e está focado principalmente para grandes investidores à procura de dados financeiros e não para consumidores finais.
Apesar do termo TIER1 ser utilizado frequentemente na indústria solar fotovoltaica para se referir aos fabricantes mais fiáveis e reputados, a verdade é que não existe uma definição ou critérios universalmente aceites para que um fabricante obtenha esta atribuição.
Os factores abaixo, são os que tipicamente são considerados ao determinar o “verdadeiro” estado de TIER1 dos fabricantes:
- Viabilidade Financeira (bankability): refere-se à longevidade e estabilidade financeira do fabricante. São empresas, habitualmente, financeiramente estáveis, com provas dadas de sucesso no mercado.
- Escala de Fabrico: normalmente possuem unidades de produção de larga escala e são capazes de produzir anualmente um grande volume de módulos.
- Qualidade do Produto e Fiabilidade: são conhecidos por produzir painéis de elevada qualidade e fiabilidade, que cumprem e, muitas vezes, excedem os padrões da indústria.
- Inovação Tecnológica: são empresas que frequentemente investem bastante em investigação e desenvolvimento (I&D) para melhorar a sua tecnologia e ficar à frente da concorrência.
- Integração Vertical: controlo de todo o processo de fabrico, desde a obtenção da matéria-prima até à montagem final dos produtos.
Conclusão
Se for um investidor que planeia construir um parque solar fotovoltaico de grandes dimensões, no valor de vários milhões de Euros, naturalmente vai procurar soluções que lhe assegurem uma qualidade mínima e que o fabricante tem condições para honrar as garantias do produto. Assim, para tomar decisões informadas, muitos investidores baseiam-se em publicações como as da Bloomberg para se orientarem.
No caso dos consumidores, uma forma de minimizar os riscos aquando da aquisição de painéis fotovoltaicos é assegurar-se que escolhe um fabricante reconhecido e fiável. Ao optar por um fabricante da listagem TIER1, aumenta as probabilidades de ser uma boa escolha e ficar bem servido.
No entanto, é importante validar sempre se a designação TIER1 de um fabricante é, de facto, fidedigna. Ocorreram, no passado, situações onde fabricantes falsamente publicitaram pertencer à lista TIER1 sem terem essa atribuição oficial. Uma forma de ter mais confiança é pedir documentação ao respectivo fabricante ou através dos distribuidores de material fotovoltaico.
Acima de tudo, é importante informar-se em sites da especialidade e optar por fabricantes reconhecidos e com boa presença no mercado europeu.
Em suma, a lista TIER1 pode servir de guia para grandes investidores, instaladores e consumidores interessados em energia solar fotovoltaica. Escolher módulos de um fabricante TIER1, devidamente reconhecido, é um passo útil para assegurar que adquire um equipamento fiável, com qualidade e uma boa longevidade. Mas, o “rótulo” TIER1 em si não é garantia de qualidade do produto. Pelo que, deverá sempre aconselhar-se com o seu instalador ou distribuidor no momento de escolher a melhor solução para si.